Em intercâmbio promovido dias 06 e 07b de maio, pela Rede de Educação Cidadã, em parceria com os assentamentos Pompeu Velho, Saco de Barreiro e Paulista no município de Pompeu/MG, agricultores(as) de assentamentos localizados na região central de Minas Gerais, região do Alto Bacia de São Francisco, fizeram uma visita à região norte do estado, para conhecere as alternativas de armazenamento de água para consumo humano e produção de alimentos com sustentabilidade.
Helen Borborema – comunicadora popular da ASA
Agricultores e agricultoras de assentamentos localizados na região central de Minas Gerais, região do Alto Bacia de São Francisco, realizaram nos dias 06 e 07 de maio, uma visita de intercâmbio à região norte do estado, para conhecerem as alternativas de armazenamento de água para consumo humano e produção de alimentos com sustentabilidade no Semiárido mineiro. O intercâmbio foi promovido pela Rede de Educação Cidadã, em parceria com os assentamentos Pompeu Velho, Saco de Barreiro e Paulista no município de Pompeu/MG.
Segundo Nilson José de Oliveira, educador popular da Rede, a idéia surgiu a partir da realidade em que eles estão atravessando nas comunidades. "Falta de água, água de má qualidade, e é uma região que também já está sofrendo muito com a monocultura da cana e do eucalipto", afirma.
Para o agricultor Mauro de Almeida, do Assentamento Paulista, é muito complicado conviver com o agronegócio lado a lado. "São quantidades grandes de veneno nas lavouras, até por avião, muitos passam mal por causa do ar e água contaminados". E denuncia: "as plantações de eucalipto levam enxurradas que entopem as nascentes, a monocultura de cana, de tanto veneno, os peixes morrem, e a água diminui por causa da irrigação e dos desmatamentos que muitas vezes vai até a beira do rio. Não respeitam as nossas comunidades e muito menos o meio ambiente, arrancam pequizeiro, araticum, mangaba".
À procura de uma solução para a qualidade de vida, os/as agricultores/as foram conhecer o trabalho da Articulação no Semiárido (ASA) e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha. Conheceram tecnologias de armazenamento de água da chuva através dos Programas 1 Milhão de Cisternas (P1MC), para o consumo humano, e do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que garante água da chuva para produção de alimentos.
Além das hortas e pomar agroecológico, visitaram também propriedades de famílias que, apesar do desafio do clima, e com respeito à biodiversidade, conseguem garantir a qualidade de vida. É o caso do Seu Ildeu José, da comunidade Passagem, que tem a homeopatia e as fases da lua como seus aliados na produção de alimentos.
O agricultor assentado, Gilson Ferreira da Silva, acostumado com o manejo convencional com uso de agrotóxicos, disse que "a visita foi uma experiência muito boa e estamos voltando para casa, também com muito entusiasmo e vontade de colocar as ações em práticas".
Ao final do encontro, foi feita uma reflexão sobre a importância das regiões se fortalecerem, pois possuem abundância de água, mas por causa do impacto do agronegócio estão passando por uma difícil situação.
A Rede de Educação Cidadã, que promoveu o intercâmbio é uma articulação de entidades e movimentos populares do Brasil que assumem solidariamente a missão de realizarem um processo de sensibilização, mobilização e educação popular da população brasileira. De acordo com o educador Nilson José, a rede atua principalmente com as famílias que se encontram em condições de vulnerabilidade social, promovendo o diálogo e a participação ativa na superação da miséria, afirmando um projeto popular democrático e soberano de nação.