Quando bate a fome a tua porta
Quando o frio gela os ossos
Quando as crianças não têm onde brincar
Quando os homens se agrupam já sem dentes
A falar do que poderiam ter feito
E já não tem mais tempo para tanto
E as mulheres se dividem entre cuidar dos filhos
Delas, do mundo, dos vizinhos
Se enrolando em meio ao lixo acumulado
Trazido das mansões espalhadas pela cidade
Já não sabem se fazem ou deixam de fazer
Quando os cães dormem em camas quentes
E as crianças dormem em chão molhado
Pois a chuva é tão densa quanto a que cai lá fora
Quando a cachaça que tomam esquenta os ossos, o corpo, a alma
Quando Deus é o único caminho
A única verdade
E a única alternativa para se ter alguns momentos de alegria
Quando uma caixa de papelão é o único cobertor
Que sobrou depois de longa caminhada
E os homens retardam a hora de dormir
Para relembrar dos tempos que ainda brincavam sem preocupações
É chegada a hora de se repensar o mundo
Se repensar a vida
Repetir uma oração que ouvimos há muito tempo
Repartir o pão, dividir o vinho
Chega de palavras
É preciso ação
Ação de graças
Ação de amigos
Ação de solidariedade
Ação;
Para solução
Esquecer a desumanidade humana
Onde se defende os direitos dos animais
Da natureza
E se constrói mais condomínios
Para que os homens se distanciem ainda mais
Dos animais homens
Que vivem no lixo
Se protegendo da (?) da pobreza
Cruel, crua, nua
Que bate a porta cada vez que colocamos o lixo na rua
Nos proteger dos bandidos e vícios
Crias da sociedade
Que criou e não quer saber
Não quer proteger
É chegada a hora da revolução
Mudar o mundo ou mudar a vida
Cuidar do meio ambiente e cuidar da vida
Das crianças abandonadas
Não pelos pais
Mas pelo capitalismo
Que nos proporciona oportunidades de crescer financeiramente
Às vistas de um povo não querido
Não visto
Não tolerado
Mal amado
E sem documento
Mas que elege
Um hipócrita qualquer que conhece soluções para a humanidade
Que no poder
Desconhece até onde nasceu
Bola prá frente Brasil!
Nós que te amamos
Nós que lutamos por ti!
Nós…
Que limpamos a sujeira dos escolhidos
Ainda estamos aqui
Mesmo sem moradia
Agasalhados no tempo
E tão sem tempo!
Lutando para sobreviver
E existir!
Por: Rosemari Fiuza – Tdai/RS
www.rosemarifiuza.blogspot.com (umidade relativa)
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